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FIM DO LOOB DA MINERAÇÃO?

Foto do escritor: Coletivo AtivistaColetivo Ativista

Procuradoria Regional Eleitoral Pode Encerrar a "Loob Mineral" e Blindar Eleições Contra Influência de Mineradoras


Decisão do MPF pode mudar regras do jogo e impedir doações eleitorais de empresários ligados ao setor mineral


Brasília, 8 de fevereiro de 2025 — O financiamento eleitoral no Brasil pode estar prestes a passar por uma transformação histórica.


A Procuradoria Regional Eleitoral da 1ª Região (PRE-1) recebeu a atribuição para analisar um pedido que propõe o fim das doações eleitorais por pessoas físicas ligadas a mineradoras e siderúrgicas.


A medida visa proteger a integridade do processo democrático e evitar que interesses privados comprometam decisões políticas e ambientais no país.


A solicitação foi protocolada pelo Coletivo Ativista e inicialmente analisada pela Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF).


O pedido ressalta que permitir que empresários, diretores e funcionários de mineradoras e siderúrgicas financiem campanhas eleitorais abre margem para a captura política, comprometendo a isenção do Estado na regulação ambiental e na exploração de recursos naturais.


A Procuradora da República Carolina Martins Miranda de Oliveira decidiu pelo declínio da atribuição da PR-DF, encaminhando o caso à Procuradoria Regional Eleitoral, que atua diretamente junto à Justiça Eleitoral.


A decisão se baseia nos artigos 72 e 77 da Lei Complementar nº 75/1993, que disciplinam a divisão de competências dentro do Ministério Público Federal (MPF).


O que está em jogo?


O setor de mineração e siderurgia é um dos mais poderosos economicamente no Brasil, movimentando bilhões de reais e sendo responsável por uma parcela significativa das exportações nacionais.


Entretanto, essa influência financeira frequentemente se traduz em interferência política, levando à flexibilização de normas ambientais, concessões de licenças questionáveis e impactos severos sobre comunidades indígenas e populações tradicionais.


O pedido apresentado ao MPF destaca que o financiamento eleitoral por agentes do setor mineral coloca em risco:


  • A imparcialidade da regulação ambiental, pois políticos eleitos com apoio dessas empresas podem facilitar a concessão de licenças e afrouxar fiscalização.

  • A soberania nacional sobre recursos estratégicos, já que decisões sobre exploração e exportação podem ser influenciadas por interesses privados e internacionais.

  • A proteção de comunidades impactadas pela mineração, que frequentemente enfrentam desmatamento, contaminação de rios e deslocamento forçado sem a devida compensação.


O caso ganha ainda mais relevância diante de denúncias recorrentes sobre corrupção, lobby e irregularidades em concessões minerárias, especialmente em áreas de preservação ambiental e terras indígenas.


O fim da "Loob Mineral" e um novo cenário eleitoral


A proposta encaminhada ao MPF sugere que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) edite uma resolução proibindo doações eleitorais por qualquer pessoa física diretamente ou indiretamente vinculada a mineradoras e siderúrgicas. Isso incluiria acionistas, diretores, conselheiros e funcionários dessas empresas.


Essa medida seria um marco na legislação eleitoral, funcionando como uma espécie de "blindagem" contra a influência desproporcional do setor mineral.


Atualmente, a legislação brasileira já proíbe doações diretas de empresas (decisão do STF em 2015), mas pessoas físicas seguem podendo contribuir, o que permite que grandes empresários do setor continuem influenciando eleições.


Além da proibição, o Coletivo Ativista também propõe que sejam adotadas medidas de fiscalização mais rigorosas, incluindo:


  • Monitoramento de doações por meio do COAF e Receita Federal, para identificar doações indiretas ou fracionadas para ocultar a origem dos recursos.

  • Auditorias periódicas em campanhas eleitorais, para garantir a transparência no financiamento político.

  • Consultas públicas com especialistas e sociedade civil, para debater os impactos do financiamento eleitoral por setores estratégicos.


Consequências e resistência esperada


Caso a Procuradoria Regional Eleitoral avance com a proposta, o impacto será significativamente para o cenário político.


Candidatos tradicionalmente apoiados pelo setor mineral e siderúrgico perderiam uma de suas principais fontes de financiamento, o que pode remodelar a disputa eleitoral e reduzir a influência econômica nessas decisões.


Por outro lado, é esperado que grupos empresariais do setor tentem barrar a medida, alegando que a restrição seria inconstitucional ou configuraria uma limitação indevida à participação política de cidadãos ligados à mineração.


No entanto, especialistas apontam que a proposta está alinhada com os princípios da Constituição Federal, especialmente aqueles que tratam da moralidade administrativa (art. 37), soberania popular (art. 1º, parágrafo único) e vedação ao abuso do poder econômico (art. 14, §9º).


Próximos passos


Agora, cabe à Procuradoria Regional Eleitoral decidir se levará o caso adiante e quais medidas serão adotadas.


Caso a PRE-1 entenda que há mérito na proposta, ela poderá acionar o TSE para discutir a viabilidade da restrição e propor regulamentações específicas para as eleições de 2026.


O desfecho desse caso pode marcar um ponto de virada na relação entre o setor mineral e a política brasileira, estabelecendo barreiras mais rígidas contra o lobby corporativo no financiamento eleitoral e protegendo a soberania do Brasil sobre seus recursos naturais.


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