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TOMÉ, O ESCRAVOCRATA

Foto do escritor: Coletivo AtivistaColetivo Ativista

Fundação Palmares avalia Remoção da Estátua de Tomé de Souza em Salvador


Foto - Akihito Morita


O Ministério da Cultura oficiou à Fundação Palmares encaminhando a solicitação de retirada da estátua de Tomé de Souza, localizada na Praça Municipal de Salvador, e sua transferência para o Museu do Escravocrata. 


O ofício 4561/2024/GM/MinC, foi enviado pelo Chefe de Gabinete, Francisco Guerreiro solicitando a avaliação do presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, em resposta ao pedido do Coletivo Ativista, que argumenta sobre a necessidade de recontextualização da figura de Tomé de Souza na memória pública brasileira.



Tomé de Souza: O Fundador com um Legado Controverso


Tomé de Souza, que se tornou o primeiro governador-geral do Brasil em 1549, é frequentemente celebrado como um dos fundadores de Salvador. Contudo, sua trajetória não pode ser dissociada do sistema escravista que permeou a economia colonial brasileira. 


Ao facilitar a introdução do sistema de plantation, Tomé de Souza estabeleceu as bases para a exploração da mão de obra indígena e africana, elementos que moldaram profundamente a estrutura social da época.O historiador Gonçalves (2015) documenta que, desde sua chegada, Tomé de Souza promoveu reformas que institucionalizaram a escravidão como norma. 



Sua política administrativa não apenas favoreceu a consolidação de grandes propriedades rurais, mas também incentivou a importação de africanos escravizados para atender à crescente demanda de trabalho nas plantações de açúcar. 


Nesse contexto, a exploração do trabalho escravo não era apenas uma questão econômica, mas também um elemento central da ideologia colonial, que legitimava a violência e a subjugação das populações indígenas e africanas (Santos, 2020).


Foto - Juan Andrés


Memória Histórica e Representação Pública


A presença de monumentos que exaltam figuras coloniais, como Tomé de Souza, em espaços públicos perpetua uma narrativa que glorifica os aspectos administrativos da colonização, enquanto silencia as experiências de violência e opressão vividas pelos povos indígenas e africanos. Souza (2019) destaca que a falta de representação das vozes oprimidas em espaços públicos leva a uma narrativa histórica incompleta, ignorando as atrocidades cometidas durante o período colonial.


A retirada da estátua de Tomé de Souza não é apenas uma questão estética, mas uma ação necessária para reparar uma memória pública que há muito tempo exclui as experiências de dor e resistência das populações afetadas pelo sistema escravista. A proposta de mover a estátua para o Museu do Escravocrata é vista como um gesto de reparação simbólica, reconhecendo as injustiças do passado e permitindo a inclusão de figuras históricas que representem a luta por liberdade e resistência.


Foto - Fabricio Batista


O Contexto da Solicitação


A solicitação para a remoção da estátua foi formalizada em um ofício enviado ao Ministério da Cultura pelo Coletivo Ativista, destacando a importância de reavaliar a presença de símbolos que glorificam a escravidão e a colonização. O ofício menciona a necessidade de uma memória coletiva que reconheça as injustiças do passado e promova um futuro mais inclusivo.


"Essa remoção poderia abrir espaço para a inclusão de figuras históricas que representam a resistência e a luta por liberdade, como Maria Felipa, que desafiou o colonialismo e se tornou um símbolo da luta afro-brasileira pela independência", argumenta Oliveira (2021).


Diante do exposto, a remoção da estátua de Tomé de Souza é considerada um passo essencial para construir uma memória pública que reflita a pluralidade de experiências que compõem a história do Brasil, especialmente aquelas que foram historicamente marginalizadas e silenciadas.


Conclusão


A proposta de remoção da estátua de Tomé de Souza é um convite a repensar a forma como a história colonial é representada no espaço público. Ao reconhecer e valorizar as experiências de todos os grupos sociais, especialmente aqueles que foram oprimidos, a sociedade brasileira pode avançar em direção a uma memória coletiva mais justa e inclusiva.


A avaliação da solicitação pelo Ministério da Cultura junto com a Fundação Palmares é um passo significativo nesse processo de reavaliação histórica e de construção de um futuro mais igualitário.


OFÍCIO





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